Aristóteles
"Todos os que meditaram na arte de
administrar o gênero humano
foram convencidos que o destino de impérios
depende da educação da juventude."
(Aristóteles) filósofo grego. Nasceu em 10/01/384 a. C., Faleceu em 31/12/322 a. C., Cálcis. Um dos mais importantes pensadores de todos os tempos.
Filho de Nicômaco, médico de Amintas II, rei da Macedônia e pai de Filipe. Aos 17 anos, foi para Atenas, tornando-se discípulo de Platão na Academia. Continuaria por 20 anos ao lado do mestre, até a data de sua morte. Deixando Atenas, foi para Assos, na Ásia Menor, onde Hérmias, ex-membro da Academia, governava. Lá desposou Pítias, sobrinha de Hérmias. Com a morte deste, mudou-se para Mitilene, onde permaneceu por dois anos. Falecendo sua esposa, desposou posteriormente Herpilis, que lhe deu um filho, Nicômaco. Em 343, mudou-se para a corte de Pela, porque Filipe da Macedônia lhe confiou a tarefa de educar seu filho, Alexandre. Em 336, com a morte de Filipe e ascensão de Alexandre ao trono, este rei iniciou as expedições que lhe permitiram construir um vasto império. Nesta data, Aristóteles regressou a Atenas, onde fundou sua própria escola, o Liceu, que se transformou em importante centro de estudos, não apenas filosóficos mas, igualmente, de ciências naturais, dotado de imponente acervo de livros, instrumentos e espécimes. Após a morte de Alexandre, em 323, a facção nacionalista extremada de Atenas dirigiu contra Aristóteles o ódio devotado ao líder macedônio, acusando o filósofo de impiedade. Aristóteles refugiou-se em Cálcis, onde veio a falecer no ano seguinte.
A obra aristotélica era dividida em duas espécies de escritos: uma destinada ao grande público, obras exotéricas, redigida em forma dialética, e outra de caráter demonstrativo e didático, composta para os alunos da escola, obras acroamáticas. Da primeira espécie, restam-nos apenas dois diálogos: Eudemo e Protréptico. As obras dedicadas ao ensino do Liceu foram conservadas pela escola, e um grande número delas chegou até nossos dias. Elas se encontram sistematicamente divididas em seis grupos. Escritos lógicos, que receberam a denominação genérica de Organon. Este compreende: Categorias, Sobre a Interpretação, Analíticos, Primeiros e Segundos, Tópicos e Refutações Sofísticas; estudos da natureza, que incluem dois grupos: o primeiro de estudos físicos, dos quais fazem parte a Física, Sobre o Céu, Sobre a Geração e a Corrupção e Meteorológicos, e o segundo de estudos biológicos, referentes ao mundo vivo, onde figuram: Da Alma e História dos Animais, composta de estudos acerca de suas partes, geração, movimento; filosofia primeira, que inclui os catorze livros agrupados posteriormente sob a denominação Metafísica; os escritos éticos e políticos, de que fazem parte a Ética a Nicômaco, Ética a Eudemo e Política; e, finalmente, as obras Retórica e Poética, desta última nos restam somente fragmentos, que merecem, cada uma, um lugar próprio.
A obra aristotélica possui enorme abrangência e importância. Desse modo, torna-se extremamente difícil resumi-la em alguns tópicos fundamentais. Limitar-nos-emos a apenas indicar alguns temas presentes no pensamento deste autor, apontando brevemente alguns encaminhamentos seguidos em sua argumentação.
A lógica é desenvolvida por Aristóteles como um instrumento, em grego organon seguro de constituição da ciência, uma vez que é capaz de conferir certezas ao conhecimento que dela se vale. Seu papel na filosofia de Aristóteles pode ser compreendido em dois sentidos: em sentido estrito, pode ser encarado como um meio de acesso, ou uma técnica, tendo suas investigações neste campo determinado fundamentalmente os avanços deste estudo, posteriormente denominado lógica formal, ver Lógica.; em sentido amplo, a lógica aparece para este pensador como um meio seguro de acesso aos entes, uma vez que, em sua concepção, existe estreita correspondência entre o pensamento lógico e a estrutura ontológica da realidade. É Aristóteles o primeiro a formular o princípio de não contradição, que possui este caráter a um só tempo lógico e metafísico: é impossível a uma coisa ser e não ser, ao mesmo tempo e sob a mesma relação. Sendo este o princípio fundador de todas as demonstrações, é forçoso que ele seja, em si, indemonstrável, sendo a partir dele que se pode refutar todos aqueles que o negam. No âmbito da lógica tomada em seu sentido estrito, é Aristóteles o criador do método denominado dedução, que tem no silogismo sua mais perfeita forma. Este pretende fornecer certeza e necessidade às conclusões acerca do particular, advindas de premissas gerais verdadeiras. É também Aristóteles o primeiro filósofo a subordinar claramente a verdade à linguagem, afirmando que a verdade não reside nas coisas mesmas, mas somente na relação que se estabelece entre as coisas e as proposições acerca delas.
Existe, contudo, segundo a concepção aristotélica, um modo de conhecimento que opera em sentido oposto ao dedutivo, e que parte da multiplicidade oferecida aos sentidos para extrair dela conceitos de ordem geral. Tal procedimento é a indução, que permite ao conhecimento atingir o universal próprio ao conceito, presente, enquanto estrutura, em todos os entes. Se as ciências devem ter por meta alcançar as estruturas gerais dos entes, elas devem estar todas subordinadas a uma ciência primeira, que abarca o modo mais fundamental de todo ente manifestar-se, isto é, o simples fato de ser. Esta ciência será chamada metafísica, sendo determinada como ciência do ser enquanto ser. A fim de poder compreender a unidade do ser conjuntamente à pluralidade pela qual se manifesta, Aristóteles afirma uma concepção analógica do ser, que exprime: o ser se diz em vários sentidos. As diversas acepções nas quais o ser pode ser tomado podem ser reunidas sob a forma de dez categorias, quais sejam: substância, acidente, quantidade, qualidade, relação, espaço, tempo, posição, estado e paixão. A ciência do ser enquanto ser também é compreendida como ciência das causas, por investigar o princípio de todos os entes. Se o princípio é, por excelência, imóvel, não gerado e separado da matéria, causa não causada de tudo que é, é preciso forçosamente identificá-lo com a divindade. O estudo das causa deve ser, assim, estudo acerca de Deus. Desta maneira, para Aristóteles, a Metafísica constitui-se, necessariamente, como Teologia.
Aristóteles se depara com a tarefa de garantir a imobilidade do ser, afirmando, contudo, o movimento presente na natureza. Para isto, ele desenvolve uma teoria do movimento desde a dupla caracterização ato-potência. Nesta perspectiva, o movimento é a atualização disso que já pertencia a um ente enquanto virtualidade. Se o ser é não apenas ato, mas também potência, as coisas podem sofrer modificações sem deixar de ser, pois tornar-se outro será, nesta concepção, entendido como a passagem de um modo de ser a outro, ambos sempre potencialmentes presentes. Desde esta interpretação, forma-se a compreensão da divindade como Motor Imóvel, ato puro de contemplação de si mesmo, que não se relaciona com o mundo, mas apenas o atrai, como o amado atrai o amante. Deus, para este pensamento, nem sequer conhece o mundo, uma vez que o conhecer é movimento, é atualização de uma potência e a divindade, sendo perfeita, é ato puro, realização plena na qual não cabe nenhuma possibilidade.
Possuem ainda importância decisiva as investigações de Aristóteles no campo da Ética. Este postula o bem, ou antes o supremo bem como a finalidade à qual tende toda ação. Todos estão de acordo que este bem último é a felicidade, apesar de diferirem as opiniões sobre que esta consiste. É necessário defini-la em função daquilo que é a ação mais própria do homem, de modo que a felicidade seja sua plena realização. Ora, se os homens se distinguem de todos os seres vivos pelo pensamento, o cultivo da razão será a suprema felicidade humana, e a vida de acordo com ela constituirá a vida virtuosa por excelência. Se o virtude, o bem e a felicidade se correspondem, o bem deve ser encarado como um fim em si mesmo, pois nele já reside a felicidade. A fim de determinar mais precisamente em que consiste a virtude, Aristóteles é levado a afirmar que ela constitui um meio, ou antes, a justa medida encontrada em qualquer ação. Este meio não é uma medida matemática, comum a todos os entes; antes, ele se estrutura em cada ação, de modo a configurar o ato pleno, ao qual nada pode ser tirado ou somado. A coragem, é uma virtude pois se dá como este meio, na medida em que chamamos corajosa a ação precisa e necessária a uma determinada situação: se fosse algo menos do que foi, seria covardia; algo mais, temeridade.
O pensamento de Aristóteles exerceu influência marcante na história da filosofia, não apenas no mundo antigo e medieval, mas alcançando o pensamento moderno e contemporâneo, contribuindo para sua determinação. As questões levantadas por este filósofo continuam sendo debatidas como questões fundamentais e servem de paradigma a vários ramos da filosofia, como a ética, lógica, metafísica, teologia ou estética.
Fonte: Grupo Universalista
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