... é uma forma encontrada para compartilhar a visão que faço do mundo, das pessoas e das coisas a minha volta, e principalmente, da tentativa de se resgatar a energia vital que cada um tem dentro de si, a fim de que possamos construir a vida, com inspirações que mobilize em cada um a coragem de experimentar, de se motivar a viver com paixão e determinação os projetos de vida!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Espaço Educação


Diplomata, político, jornalista, reformador social, historiador, literato e, sobretudo, pensador , Joaquim Nabuco leva o Brasil a avaliar o que fôra na Colônia, o que estava sendo no Império e o que poderia ser na República, erguendo-se, a partir de raiz pernambucana posta a serviço do mais alado sentimento universal, à condição de marco crítico singular na história do Brasil.

Ele foi um dos maiores intelectuais brasileiros de todos os tempos. De família influente, escolheu o caminho mais difícil para fazer jus à tradição: defender os direitos dos negros. Levou a questão até o Papa. Com trajetória brilhante, alcançou sucesso na causa de sua vida, apesar do paradoxo: o homem que lutou pela igualdade entre os homens era monarquista.

Quando nasceu, em 19 de agosto de 1849, o pernambucano Joaquim Nabuco já tinha posição privilegiada na sociedade brasileira. O pai, José Tomás Nabuco de Araújo, conhecido como O Estadista do Império, vinha de família de políticos cuja influência remontava ao Primeiro Reinado. A mãe, Ana Benigna de Sá Barreto, era irmã do marquês de Recife. O filho, portanto, prometia mais uma brilhante carreira.

Sua educação esteve logo cedo a cargo da madrinha, Ana Rosa Falcão de Carvalho, com quem passou a primeira infância depois da transferência de seus pais para a Corte. Naquela morada observaria pela primeira vez as mazelas da escravidão. Após a morte da ma- drinha, passou a viver no Rio com os pais. Lá, mais tarde, se tornaria bacharel em Letras.

A próxima parada seria São Paulo. Na Faculdade de Direito, destacou-se por sua oratória. A conclusão do curso, no entanto, foi feita na terra natal, em 1870. É dessa época seu primeiro trabalho em um tema que assombraria a elite local: a defesa de um escravo negro que assassinara seu senhor.

CAUSA DE UMA VIDA

Após passagens rápidas pela imprensa carioca, onde iniciaria carreira como jornalista, Nabuco publicou, em 1872, o primeiro livro: Camões e os Lusíadas. Entra então no serviço diplomático, como funcionário do governo imperial: vive três anos fora do País, trabalhando como adido de primeira classe em Londres, depois em Washington.

Volta ao Rio como deputado geral pela província de Pernambuco. O retorno marca o início de uma campanha em favor do Abolicionismo, da qual ele seria uma das figuras centrais. Porém, a iniciativa de instalar em sua própria casa a Sociedade Brasileira contra a Escravidão aprofunda as divergências com seu partido e inviabiliza a reeleição.

Em 1883 parte para nova temporada no exterior - um “exílio voluntário”, segundo suas próprias palavras. Em Londres, trabalha como advogado e cor respondente do Jornal do Commercio. Um ano depois, publica O Abolicionismo. Volta ao Brasil em 1885, assumindo novamente o cargo de deputado por Pernambuco e a liderança da campanha pela Abolição. Participa ativamente da promulgação da Lei dos Sexagenários. Seus discursos seriam reunidos no livro A Campanha Abolicionista, de 1885.

O esforço em prol da Abolição, que incluiu uma visita ao papa Leão 13 pedindo a manifestação do pontífice em favor do fim da escravidão no mundo - encontro que geraria, no mesmo ano, uma encíclica papal sobre a causa -, seria coroado com a Abolição da Escravatura no Brasil, em 1888.

ABOLICIONISTA, PORÉM MONARQUISTA

Não demoraria muito para que Nabuco sofresse considerável decepção. Um ano depois de sua grande conquista, uma grande derrota: 1889, Proclamação da República. Apesar das críticas ao governo, ele era um monarquista convicto. Recusou tanto a cadeira na Assembléia Constituinte quanto a volta ao serviço diplomático, oferecidas pelo novo regime. Retirou-se da vida pública, concentrando-se no trabalho como advogado e jornalista, sempre defendendo os ideais monarquistas. Nessa época estreita relações com diversas personalidades da literatura nacional: Machado de Assis, Maciel Monteiro, Lúcio de Mendonça, José Veríssimo. Dessa amizade nasceram o projeto e a fundação da Academia Brasileira de Letras, em 1897, da qual foi secretário-geral.

Finalmente, após lento processo de reaproximação com o governo, que incluiu algumas missões diplomáticas, em 1900 torna-se funcionário da República: assume o cargo de embaixador do Brasil em Londres e, quatro anos depois, em Washington.

Defenderia o ideal do pan-americanismo, pregando a aproximação entre os países da América. Torna-se símbolo da intelectualidade e cultura brasileiras no exterior. Viveu nos Estados Unidos até a morte, em 17 de janeiro de 1910. Deixou mais de 15 obras e inúmeros textos sobre as causas que defendeu ao longo da vida. No centenário de seu nascimento, por idéia de Gilberto Freyre, foi criada a Fundação Joaquim Nabuco, uma das mais importantes instituições dedicadas à cultura e à sociedade do Norte e Nordeste do País. Homenagem à altura da grandeza do intelectual que representou de modo preciso um período de transição e formação do Brasil.


Fonte: Fundação Joaquim Nabuco.




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