SORRISO DE NATAL
Por Luiz Guerra Correa
Percebi um sorriso diferente dos lábios das crianças.
Passei com meu carro e ao lado ela sorria, acenando efusiva para um Papai Noel que passava pela rua. Sua mãe lhe segurava o vestido para que não caísse do carro.
Logo adiante à entrada de um Shopping, de mãos dadas com seus pais, duas meninas com tranças, ricamente ornadas pela sua mãe, pulavam em passos desconexos, que espelhavam a ânsia da alma, que cantava alegremente diante da possibilidade de vislumbrar o brilho das lojas finamente decoradas. Decoradas com àquelas árvores de natal, brilhando flocos de neve (num País tropical), e claro o Papai Noel distribuindo balas e cartões da Loja mais próxima.
Mais a frente enquanto seguia para minha casa, um garoto saia da Loja com um belo triciclo. Ele olhava para todos os lados, pedindo atenção dos transeuntes, para sua nova aquisição, seu novo brinquedo. Nada poderia conter o riso largo daquela angelitude.
No som de meu carro saia uma bela música do conjunto Genesis (nome propício para a época), com a bela voz de Peter Gabriel, que amealhado pelas cenas que vislumbrava me remeteram, para o 1º presente de natal. Mas também me lembrei do nascimento de meu irmão.
Eu tinha 6 anos de idade e minha mãe estava gestando a grande figura. Meus pais nos falavam que teríamos um novo irmãozinho ou irmãzinha, pois naquela época não havia ressonância para saber-se o sexo da criança, mas logo após o nascimento, evidentemente percebemos nosso irmãozinho Agenor.
Como não entediamos como era este princípio maravilhoso da natividade (havia também minha Irmã Katia com 5 anos), meu Pai e Minha Mãe, diziam que nosso irmãozinho viria através da cegonha. Nas noites antes de dormir, eu ficava tilintando na cama, olhando para pequena réstia de luz da Lua que passava pela janela de madeira e pensando como uma cegonha poderia trazer em seu bico nosso irmãozinho. Minha mente inocente vibrava com as dúvidas que surgiam, mas claro também o fato de voar, ainda estava fresco na minha mente que a pouco encarnada, mas já dando seus passos definitivos para o esquecimento do astral.
Minha mente também viajava e ficava imaginando de qual fôrma a cegonha pegaria meu irmão, e de sua origem. De onde viria? Acima das nuvens? Mas acima das nuvens só temos o céu, não há sustentação, enfim a mente de uma criança ainda guarda a ingenuidade, mesmo que tenhamos praticado atos inglórios em outras encarnações.
Cruzando uma das ruas de nossa bela Curitiba, no sinaleiro percebi duas crianças, pedindo esmolas, mas uma delas em espacial, com seus 6 ou 7 anos, me chamou a atenção pelo semblante angélico de olhos azuis e cabelos louros, completando em seu conjunto uma bela figura. Corria de um lado a outro na avenida, por entre os carros, batendo aos vidros e pedindo algumas moedas. Claro que sabemos toda a origem desta celeuma terrestre e das desigualdades sociais, que provocam o antagonismo das crianças felizes e das crianças esmoleiras, assim como dos antagonismos da sociedade como um todo.
Àquela criança parecia alheia a tudo que ocorria em sua volta, talvez não percebesse a ansiedade do Natal, pois assim me pareceu. Seu semblante não era deste mundo, pois muita energia sorvia em luz maravilhosa. Não conseguia vê-la na condição em que se encontrava, talvez ela não era deste mundo e não tinha TV em casa, para saber o que é Papai Noel.
Jesus desceu a este mundo depois de um esforço hercúleo para adaptar sua alma quase tênue a esta densidade; alijou-se da alegria das esferas, para ter a alegria de contaminar o ser humano (que de humano não tem nada), com a energia AMOR mesmo sabendo que poucos seriam os escolhidos para as núpcias.
Pergunto-me festejar o que?
Ñ A fome do planeta?
Ñ A corrupção desenfreada em todo o mundo?
Ñ A destruição consciente de nossa casa emitindo gases malignos, que aquecem o planeta e lhe tiram o ar puro e reconfortador?
Ñ As medidas que não foram acordadas em Copenhagen, pois não se chegou a um acordo sobre os impostos, investimentos que os empresário não pretendem fazer, em detrimento da ganância?
Ñ A ausência neste banquete dos pingüins e ursos polares que estão derretendo junto com as geleiras?
O que devemos festejar então?
Não me furte da alegria juvenil
Não me encante com a serpente
Não faça um ser integrante e demente
Não ponha minha cabeça na TV
Não fira as feridas já laceradas.
Não me chame para o baile, pois não teremos luz
Não me acalme, pois ainda quero vociferar, ainda quero chorar
Não me chame de neném, pois já encarno e desencarno a milhares de anos.
Não me obrigue a secar minhas lágrimas, com as sedas
Não me obrigue a fechar os olhos para as almas esfomeadas
Não me obrigue a cortar mais uma árvore
Não me despeje do meu lar para construir um shopping Center.
Não quero tomar coca cola, mas sim beber o líquido cristalino, natalino.
Não me diga para parar a prece antes do nirvana, para comprar um tênis Nike
Não me peça para atenuar as penas dos corruptos, ou aliar-me a ele, pois novas regras se impõem
Não, não vou chorar minha ansiedade por uma cidade humanizada, só quero sair e dar um abraço fraterno na amparada.
Não me conte àquela piada, pois não consigo sorrir diante de tanta idiossincrasia.
Não sou deste mundo, mas infelizmente não posso ainda ir para Passárgada, pois tenho que ficar e cumprir o acordado.
Mensagem recebida do meu amigo Luiz Guerra Correa, fica a Reflexão neste momento de Renovação, com o meu carinho de sempre,
Leilah
Um comentário:
Oi, Leilah.
Desejo a voce e sua familia, um feliz 2010, com muita alegria, amor, paz e harmonia.
Estarei continuando a visitar seu blog no ano novo.
Beijos!!!
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