Mas o tu não é qualquer coisa indefinida.
É concretamente um rosto com olhar e fisionomia.
O rosto do outro torna impossível a indiferença.
O rosto do outro me obriga a tomar posição porque fala, provoca, evoca e convoca.
Especialmente o rosto do empobrecido, marginalizado e excluído.
O rosto possui um olhar e uma irradiação da qual ninguém pode subtrair-se.
O rosto e o olhar lançam sempre uma proposta em busca de uma resposta.
Nasce assim a responsabilidade, a obrigatoriedade de dar respostas.
Aqui encontramos o lugar do nascimento da ética que reside nesta relação de responsabilidade diante do rosto do outro e particularmente do mais outro que é o oprimido.
É na acolhida ou na rejeição, na aliança ou na hostilidade para com o rosto do outro que se estabelecem as relações mais primárias do ser humano e se decidem as tendências de dominação ou de cooperação.
Cuidar do outro é zelar para que esta dialogação, esta ação de diálogo eu-tu, seja libertadora, sinergética e construtora de aliança perene de paz e de amorização.
Leonardo Boff (1999)
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