... é uma forma encontrada para compartilhar a visão que faço do mundo, das pessoas e das coisas a minha volta, e principalmente, da tentativa de se resgatar a energia vital que cada um tem dentro de si, a fim de que possamos construir a vida, com inspirações que mobilize em cada um a coragem de experimentar, de se motivar a viver com paixão e determinação os projetos de vida!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Para Relfetir...




SOBRE A VELHICE – Rubem Alves


Por oposição aos gerontologistas, que analisam a velhice como um processo biológico, eu estou interessado na velhice como um acontecimento estético.

A velhice tem a sua beleza, que é a beleza do crepúsculo.

A juventude eterna, que é o padrão estético dominante em nossa sociedade, pertence à estética das manhãs.

As manhãs têm uma beleza única, que lhes é própria.

Mas o crepúsculo tem um outro tipo de beleza, totalmente diferente da beleza das manhãs.

A beleza do crepúsculo é tranquila, silenciosa – talvez solitária.

No crepúsculo tomamos consciência do tempo.

Nas manhãs o céu é como um mar azul, imóvel.

No crepúsculo as cores se põem em movimento: o azul vira verde, o verde vira amarelo, a amarelo vira abóbora, o abóbora vira vermelho, o vermelho vira roxo – tudo rapidamente.

Ao sentir a passagem do tempo nós apercebemos que é preciso viver o momento intensamente.

Tempus fugit – o tempo foge – portanto, carpe diem – colha o dia.

No crepúsculo sabemos que a noite está chegando.

Na velhice sabemos que a morte está chegando.

E isso nos torna mais sábios e nos faz degustar cada momento como uma alegria única.

Quem sabe que está vivendo a despedida olha para a vida com olhos mais ternos...

(Trecho extraido do texto Quarto de badulaques (XV) publicado no Correio Popular, 29/09/2002).


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